O Ministério Público vai abrir investigação para apurar atuação irregular de empresa privada dentro do Cemitério Municipal do Jardim Santa Lídia, em Mauá. “Vamos instaurar procedimento com o objetivo de cobrar explicações do município sobre o motivo de isso estar acontecendo”, disse o promotor de Justiça José Luiz Saikali.
Denunciou a prática de funcionário da Ossel oferecendo assistência funerária particular na área pública. O profissional aborda pessoas que procuram o serviço da Prefeitura de Mauá e passa os contatos dos familiares do morto para que outro agente da empresa oferte trabalho similar. A ação, flagrada na semana passada, é considerada irregular por especialistas.
O secretário de Serviços Urbanos, Rogério Santana, afirmou que a Pasta também abriu averiguação do caso. “Faremos sindicância para apurar os fatos e ver se há algum funcionário com segundas intenções”, disse.
Segundo o secretário, o cemitério na cidade de Mauá possui efetivo de trabalhadores comissionados, da frente de trabalho e terceirizados. “Isso foi uma novidade para nós. Se houve conivência de qualquer servidor, direto ou indireto, vamos apurar e tomar as providências cabíveis. Se for empregado de terceiro (que facilitou a ação dos agentes funerários particulares), vamos procurar a empresa para que tome as medidas necessárias com o funcionário”, explicou.
Santana disse que a investigação não deve ser estendida ao Cemitério Municipal de Vila Vitória. “Fizemos levantamento e não há nenhum indício de irregularidades no outro equipamento público. Se houver necessidade e tivermos informação sobre alguma coisa, vamos tomar nossas medidas. Por enquanto, não temos conhecimento. Por isso, não há necessidade.”
Na tarde de ontem, estivémos novamente no local e não encontrou nenhum funcionário de empresa privada oferecendo serviço dentro do equipamento público. Questionada sobre a irregularidade, funcionária do Serviço Funerário Municipal respondeu que “trabalha lá há seis anos e isso nunca aconteceu.”
A Ossel informou que, por enquanto, não se pronunciará sobre o caso. A empresa comunicou que o setor jurídico foi acionado e dará esclarecimentos sobre a situação em breve.
Ossel já ofereceu serviço dentro da Câmara Municipal de Mauá
A ação irregular da Ossel não é novidade em Mauá. Há dois anos, a equipe flagrou duas representantes da empresa dentro da Câmara Municipal vendendo planos de assistência funerária aos funcionários da Casa. As transações eram efetuadas em sala do Legislativo, caracterizando também procedimento irregular.
Na ocasião, a Ossel oferecia inclusive benefícios aos servidores que fechassem contrato no local, como a inclusão de dois parentes de segundo grau como contemplados pelo pacote de serviços. Após a denúncia, a funerária particular abandonou o plantão dentro da Câmara.
MAIS CARO
Na ação irregular flagrada na semana passada dentro do Cemitério Municipal Jardim Santa Lídia, a Ossel oferecia serviço 3,7 vezes mais caro que o executado pela Prefeitura.
O pacote funerário com caixão, ornamentação, higienização, banho e troca de roupa do morto, além do transporte do corpo de Santo André para Mauá e coroa de flores, é ofertado por 13 parcelas de R$ 180, que totalizam valor de R$ 2.340. À vista, o custo é de R$ 2.200, já com desconto pelo recebimento no ato. As opções de parcelamento são em cheque e cartão.
Já o serviço municipal sai por R$ 591, sendo R$ 44 do traslado do corpo, R$ 295 do sepultamento e R$ 252 pelo caixão mais barato. O total tem de ser pago à vista, em boleto com prazo de dez dias.
Fonte: Diário do Grande ABC