Com plenário vazio, Mauá aumenta cadeiras na Câmara ‎

Ignorando o povo, a Câmara da cidade Mauá aprovou ontem, por unanimidade, sem discussão e com o plenário vazio, o aumento do número de vereadores, que passará de 17 para 23 a partir de 2013. O dispositivo foi inserido em meio ao amplo projeto de revisão da Lei Orgânica do Município (leia reportagem ao lado) e atende ao limite máximo de cadeiras estipulado pela Emenda Constitucional 58/09.

O argumento consensual para referendar a medida foi o de que “quanto mais vereadores, mais democracia”, como externou o presidente da Casa, Rogério Santana (PT). Doente, Pastor Altino Moreira (PRB) foi o único que não participou da votação. Somente com salários dos novos parlamentares e seus assessores (são oito por gabinete), a peça irá onerar o Legislativo em R$ 2 milhões ao ano.

Considerando a elevação dos gastos públicos e a ineficiência da vereança, a população se portou contra o aumento, conforme série de reportagens publicadas pelo Diário e enquete formulada pela 81º Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil de Mauá. O resultado da consulta, divulgado ontem pelo presidente da entidade, Roberto Carlos Ortiz, mostra que 74,4% dos que visitaram a Casa do Advogado nos últimos dias são contra a criação de mais cadeiras; 7,2% a favor; e 18,4% apoiam a manutenção de 17 vereadores. Dos que responderam à enquete no site da instituição, 47,5% são contra o reajuste; 18,4% a favor; e 34,1% pela permanência das vagas atuais.



Apesar da rejeição popular, os parlamentares se mostraram orgulhosos. “O ideal é que Mauá tivesse 450 mil vereadores”, defendeu Cincinato Freire (PSDC), em alusão à população do município, que é de 417 mil pessoas. Ele ironizou possibilidade de realização de plebiscito sobre o dispositivo, como estuda a Câmara de São Bernardo. “Isso é politicagem.”

Líder do governo, Rômulo Fernandes (PT) admitiu que recebeu de seu eleitorado “pedidos de explicação” sobre o aumento de cadeiras. “Minha resposta foi a de que favorece o aperfeiçoamento da democracia. Agora, cabe à população escolher bem seus representantes.”

Até o oposicionista Manoel Lopes (DEM) desta vez votou com a maioria. “Estava definido desde a primeira votação (em maio). Não recebi questionamentos de ninguém. Por isso, votei tranquilo.”

Fonte: Diário do Grande ABC





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