Comerciante de Mauá é condenado por aliciar mão de obra

A Justiça Federal em Sorocaba (SP) condenou a cinco anos, dois meses e seis dias de prisão o comerciante Airton Oliveira Gomes, da cidade Mauá, na Grande São Paulo, por tráfico de pessoas e estelionato. De acordo com a sentença divulgada hoje, ele cobrou para levar oito brasileiros à Inglaterra, prometendo-lhes empregos registrados, moradia e documentos oficiais. Quando chegaram ao Reino Unido, as vítimas não receberam casa, tiveram que trabalhar clandestinamente e acabaram deportadas.

Na decisão, o juiz federal Marcos Alves Tavares determinou ainda a aplicação de multa e que o acusado pague o prejuízo das vítimas, avaliado em R$ 30,8 mil. O réu poderá recorrer da sentença em liberdade. A pena básica, de dois anos, foi aumentada a pedido da procuradora da República Elaine Cristina de Sá Proença, do MPF em Sorocaba, responsável pelo caso. Ela destacou o fato de Gomes já responder por outro processo pelo crime de aliciamento para a imigração e de haver cometido o crime contra oito pessoas, além do sofrimento que causou às vítimas.



O acusado levou para a Inglaterra cinco mulheres, além de um casal com um filho de dois anos. Gomes pediu R$ 1 mil a cada adulto para arranjar-lhes o emprego, além de US$ 600 para providenciar os documentos. Ele atraiu as vítimas por meio de uma palestra destinada a interessados em trabalhar no exterior. Os trabalhadores, a maioria da cidade de Itapetininga, contaram à Justiça que o estelionatário prometeu salários de US$ 2 mil, moradia, transporte e ajuda na chegada ao país. Os interessados preencheram uma ficha cadastral e até receberam instruções sobre como enganar a imigração britânica.

Quando o grupo desembarcou em Londres e recebeu os documentos percebeu ter sido enganado: as cédulas de identidade diziam que os trabalhadores eram portugueses. Eles também precisaram pagar pelo hotel. As vítimas contam que, desesperadas e sem dinheiro, comiam em uma lanchonete quando surgiu uma portuguesa chamada Adelaide, dizendo ter arranjado casa e serviço para seis deles na cidade de Klinge.

A casa era suja e cada pessoa recebia R$ 500 por semana trabalhando em várias empresas diferentes. Após dois meses e meio, os brasileiros foram presos e deportados. O MPF tomou conhecimento do caso em 2001, mas o processo demorou nove anos devido às dificuldades para encontrar e ouvir o acusado. O advogado de Gomes foi procurado pela reportagem, mas não deu retorno.

Fonte: Agência Estado





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