Mauá: 65% das áreas de risco são críticas, diz IPT

Um ano e sete meses depois de registrar cinco mortes por causa de deslizamentos de terra, Mauá finalmente pode apontar quais são os locais de risco que precisam ser constantemente monitorados em época de chuva. A cidade está prestes a concluir o Plano Municipal de Redução de Riscos, elaborado pelo IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) e discutido ontem em audiência pública. Mas não basta que o morador e a Defesa Civil fiquem de olho: o município precisará colocar a mão no bolso, já que 65% das áreas são consideradas de risco crítico.

O levantamento apontou a existência de 103 setores de risco, localizados em 30 áreas do município. A classificação divide o perigo em quatro níveis , do menor para o maior, sendo que o R4 (risco 4) é o mais crítico. Na cidade, 15 setores, com 510 imóveis, apresentam R4 e 50 setores, com 3.205 imóveis, estão em área de R3, totalizando 65% das áreas. “Esses são os locais da cidade que exigem investimento imediato para minimizar ou resolver os problemas”, explicou o geólogo do IPT Eduardo Soares de Macedo. Entre as áreas críticas estão o Chafic, incluindo o morro do Macuco, Jardim Rosina e Jardim Oratório, entre outros.

Mauá possui ainda 33 setores, com 6.330 imóveis, em pontos de R2 e cinco em pontos de R1 (676 casas), que não representam perigo imediato, mas que devem ser monitorados pela administração municipal a fim de evitar ocupações, já que as áreas podem mudar de um nível para o outro. “No caso, para diminuir o risco, só por meio da realização de obras. Para aumentar o perigo, basta apenas que mais casas sejam construídas no local”, destacou Macedo.

INVESTIMENTO

O plano foi encomendado pela Prefeitura no início de 2011, e começou a ser elaborado no fim do mesmo ano. ao custo de R$ 300 mil, provenientes do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), do governo federal.

Para realizar as obras necessárias nos locais de R3 e R4 da cidade, o IPT estima que sejam necessários em torno de R$ 90 milhões. São intervenções como limpeza, drenagem, contenção de encostas, infraestrutura, remoção de moradores, proteção superficial, reparos e alterações de geometria. O valor não inclui, conforme o geólogo do IPT, a urbanização das áreas.



Para Macedo, o plano auxilia a administração a buscar recursos do PAC 2, PAC Encostas, CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano), entre outros. “Com dinheiro na mão, é possível resolver o problema e, principalmente, evitar que mais vidas se percam.”

Chafic apresenta 11 pontos preocupantes

Somente no loteamento Chafic, que inclui o morro do Macuco, o Plano Municipal de Redução de Riscos do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) indica 11 áreas que requerem atenção da Defesa Civil. O local foi palco de quatro das seis mortes registradas (uma delas por afogamento) no verão de 2011 em Mauá. “Podemos dizer que esse é o lugar campeão de problemas, o pior da Região Metropolitana de São Paulo”, garantiu o geólogo Eduardo Soares de Macedo.

Apenas no morro do Macuco, entre as ruas Lourival Portal e Maria Dominiquini, há quatro áreas com nível 4 de risco, ou seja, locais que precisam de medidas urgentes para evitar tragédias.

O loteamento começou a ser ocupado por volta de 1970. Ainda em 2011, a Prefeitura anunciou verba de R$ 2,3 milhões do PAC (Plano de Aceleração do Crescimento) para contratação de empresa que fará o projeto de urbanização da área, estimado em R$ 300 milhões. A licitação está em aberto e, após assinatura da ordem de serviço, a previsão é que o projeto esteja pronto em um ano.

Além da urbanização, a administração municipal pretende construir no Chafic escola, UPA (Unidade de Pronto-Atendimento), Cras (Centro de Referência em Assistência Social), Case (Centro de Ações Socioeducativas), unidade de Saúde, terminal de ônibus e núcleo de Defesa Civil.

A Prefeitura de Mauá alega que não pôde realizar melhorias para a população do Chafic antes porque o loteamento foi feito de forma irregular e, no papel, o terreno nunca deixou de ser particular. Decisão da Justiça, porém, permitiu que se corresse atrás de recursos para realizar as obras necessárias no bairro.

Fonte: Diário do Grande ABC





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