Mauá figura entre os 20 municípios com maior número de adolescentes infratores

A cidade de Limeira ocupa a 4ª colocação no Estado de São Paulo em balanço feito pela Fundação Casa sobre os 20 municípios com maior número de adolescentes infratores atendidos em programas da entidade.

Na relação população/internos, Limeira tem um infrator para cada 3.209 habitantes.

O levantamento, pedido pelo Jornal de Limeira, compreende até o dia 22 de fevereiro deste ano e mostra que o município só fica atrás das cidades de Avaré (1ª), Tatuí (2ª) e Botucatu (3ª). Avaré tem 82.935 habitantes – segundo o Censo 2010 – e 66 jovens internados, ou seja, uma relação de um adolescente infrator para cada 1.256 pessoas. Em Tatuí, são 68 internos e uma população de 107.975 moradores, ou um menor atendido na Fundação Casa para cada 1.587 habitantes. Já Botucatu tem 127.370 habitantes e 64 jovens assistidos – um para cada 1.990 pessoas.
Limeira, a quarta colocada, possui uma população de 276.010 pessoas e 86 adolescentes em unidades da Fundação. A relação é de um menor para cada 3.209 habitantes.

O relatório mostra mais 16 municípios das regiões de Campinas, Sorocaba, São José dos Campos, Ribeirão Preto, Bauru, Franca, Santos e Presidente Prudente e das regiões Norte, Oeste e Sul da Grande São Paulo. Os 20 municípios concentram 1.962 atendimentos; o restante dos infratores, 3.550, está espalhado em demais localidades do Estado. De acordo com o levantamento – que não conta os residentes no município de São Paulo – existem 5.512 internos em unidades da Fundação Casa.

REGIÃO DE CAMPINAS
Limeira está com 86 adolescentes assistidos pela entidade, sendo oito em internação provisória (ficam encarcerados por 45 dias, aguardando por uma medida socioeducativa), 74 internados, dois em internação sanção (quando o adolescente comete alguma irregularidade, como em caso de fuga) e dois em semiliberdade (quando só dorme na unidade e participa de projetos sociais durante o dia).

O número de Limeira dispara em relação aos outros municípios da região de Campinas. Sumaré tem 44 menores assistidos; Araras, 38; Hortolândia, 29; Mogi Guaçu, 20 e Americana 14. As vizinhas Cordeirópolis e Iracemápolis têm oito e quatro adolescentes infratores, respectivamente.

FALTA OPORTUNIDADE
Para a assistente social e professora do Isca Faculdades, Fabiana Aparecida de Carvalho, a internação deveria ser o último estágio do tratamento. “O adolescente deveria ter a oportunidade de ter outras opções antes da internação. E quem deveria oferecer lazer, educação e saúde às crianças e jovens é o Poder Público”, declarou a assistente, que tem mestrado e doutorado na área de atendimento aos menores infratores.



“Trabalhei com a liberdade assistida e o que pude comprovar é que esse jovem não tem um acompanhamento aqui fora. Se a rede pública não oferece nada a esse jovem, nenhum tipo de tratamento vai ter resultado na vida dele”, disse.
Fabiana defende que o movimento deve começar pela sociedade para que o Poder Público desenvolva políticas públicas. “O desafio é esse: oferecer ao jovem oportunidades. Hoje, quais são as opções de lazer, perspectivas de trabalho, o que eles aprendem nas escolas, em um sistema que não fala a língua dos adolescentes?”, citou.

Conselheira critica falta de projetos no município

Para a conselheira tutelar Neuda Maria de Souza Martins, existem três causas do problema do adolescente infrator. Em primeiro lugar, a família, seguida da ausência de políticas públicas eficientes e a questão do tráfico de drogas. “Hoje a família está muito negligente. Sem a base familiar, o adolescente se torna vulnerável”, falou.

Outra questão é a falta de respaldo do Poder Público com esses jovens vulneráveis. “Não adianta fazermos o atendimento do adolescente no Conselho Tutelar e depois não ter para onde encaminhá-lo, porque o município não possui projetos que atendam as necessidades desse menor”, declarou.

Neuda defende a criação urgente de políticas públicas. “A população cresceu demais e os projetos não acompanharam esse desenvolvimento. É preciso investir em esportes, por exemplo. Não existe quase nada nessa área na cidade e sabemos que o esporte consegue prevenir e retirar jovens de situação de risco”, citou.
Mais uma necessidade do município são políticas na área de combate às drogas. “Os jovens estão começando cada vez mais cedo e é preciso tratar esse problema como uma questão de saúde pública”, afirmou. (Stefanie Archilli)

Município/População/Adolescentes infratores

1º Avaré/82.935/66
2º Tatuí/107.975/68
3º Botucatu/127.370/64
4º Limeira/276.010/86
5º Jacareí/211.308/64
6º Bauru/344.039/100
7º Presidente Prudente/207.625/60
8º Sorocaba/586.311/159
9º Guarujá/290.607/75
10º Diadema/386.039/98
11º Franca/318.785/80
12º Praia Grande/260.769/59
13º S. José dos Campos/627.544/140
14º Ribeirão Preto/605.114/134
15º Campinas/1.080.999/194
16º S. Bernardo do Campo/765.203/118
17º Guarulhos/1.222.357/187
18º Osasco/666.469/99
19º Mauá/417.281/56
20º Santo André/673.914/55

Fonte: Jornal de Limeira





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