Mauá quer disponibilizar cursos técnicos para alunos da EJA ‎

O município de Mauá estuda levar cursos de qualificação para os alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Este é um dos projetos previstos para serem executados em 2012 pela secretária de Educação da cidade Mauá, Margaret Franco Freire..

A titular da pasta de Educação anunciou, ainda, a construção de três escolas e falou dos principais desafios que Mauá enfrenta na área. Entre eles, a adequação ao Plano Nacional de Educação, que envolve, entre outros itens, a ampliação da carga horária dos alunos. Freire falou ainda que não está previsto reajuste salarial para os professores.

Repórter Diário – Quais são os maiores desafios de Mauá na Educação?
Margaret Freire – Um dos grandes desafios de Mauá enfrenta é o atendimento de 0 a 3 anos e a Educação de Jovens e Adultos, com evasões expressivas no decorrer de cada semestre, o que é preocupante.

RD – A falta de vagas é um dos principais problemas na educação infantil?
Margaret – É um grande desafio, porque ainda temos lista de espera, não só de creches, mas na educação infantil. As novas construções previstas para serem entregues no início de 2012 darão condições para que a lista de espera de 4 a 5 anos seja zerada. Porém, o déficit de vagas de 0 a 3 anos ainda deve persistir por mais tempo.

RD – Onde serão instaladas as novas escolas?
Margaret – As escolas já estão em construção. Uma será erguida no jardim Zaíra e vai atender 850 crianças. A outra vai funcionar no jardim Olinda, para cerca de 650 crianças, e na Vila Assis, que também vai beneficiar cerca de 650.

RD – Qual é o déficit de vagas?
Margaret – A central de vagas, que faz parte do sistema de gerenciamento de dados da Secretaria de Educação, recebe as solicitações dos pais e também a demanda das escolas da cidade. O levantamento do sistema mostra que 3,8 mil crianças de 0 a 3 anos estão aguardando vagas em Mauá e 380 crianças de 4 a 5 anos também esperam.

RD – A demanda leva em conta a procura de alunos de outros municípios que estudam ou pretendem estudar em Mauá?
Margaret – O preenchimento de vagas de 4 a 5 anos é feito levando em conta o critério de que a criança deve ser moradora de Mauá. Matriculamos os mais velhos e as crianças que residem no município. No entanto, se a criança de outro município conseguiu a vaga no passado, não vamos retirar.

RD – A secretária de Educação de São Bernardo, Cleuza Repulho, propôs um censo para levantar o número de alunos que estudam em escolas de outras cidades. Qual sua opinião?
Margaret – Pensando em políticas públicas, a ideia é interessante. Não abrimos inscrição para alunos de outras cidades. Mas, principalmente em escolas que ficam em limites de municípios, temos crianças de cidades vizinhas atendidas. O jardim Esperança, que faz divisa com Ribeirão Pires, e o Jardim Sonia Maria, perto de Santo André e São Paulo, são exemplos. Se o fenômeno acontece em Mauá, também ocorre em escolas de outros municípios.



RD – Qual será o impacto do Plano Nacional de Educação na cidade?
Margaret – Mauá já possui um Plano Municipal de Educação, revisado recentemente. Tivemos todos os cuidados de elaborar as metas de acordo com o Plano Nacional. No Plano Nacional, uma que nos preocupa é a ampliação da carga horária do aluno. Passar para 5 horas, como prevê o texto, será grande desafio para Mauá. Hoje, ainda trabalhamos com três períodos na educação infantil e nossas crianças ficam 3 horas e meia na escola. A ampliação da carga horária seria fator que dificultaria o combate ao déficit de vagas de 4 e 5 anos.

RD – O aumento de repasse do Fundeb, previsto no programa federal ‘Mais Educação’, é suficiente para viabilizar a ampliação da carga horária nas escolas?
Margaret – Não. O Fundeb é imprescindível e não dá pra pensar na educação sem o Fundo. Mas a contrapartida do município ainda fica muito pesada.

RD – Há espaço para ampliação do ensino técnico em Mauá?
Margaret – Temos escolas técnicas na cidade, como a Etec e outras escolas privadas. Estamos estudando levar essa orientação profissional para os nossos alunos da EJA. Hoje falta mão de obra no mercado e os estudantes do EJA têm baixa escolaridade, o que dificulta a inserção no mercado de trabalho. A carga horária será menor que os cursos técnicos de um ano e meio.

RD – A gestão Oswaldo Dias pretende reajustar salário dos professores?
Margaret – Nosso piso de Mauá não está muito fora do que é o piso ideal. A cidade tem problema financeiro muito grave. Destinar 25% do orçamento é sacrifício em detrimento das demais pastas. Além disso, já estamos investindo muito na folha de pagamento do magistério. Não há política de reajuste para nossos professores, a não ser que ocorra um boom no orçamento.

RD – A Prefeitura pretende realizar concurso para contratação de professores?
Margaret – Nós fizemos, em 2010, concurso para professores e hoje contamos com 980 profissionais. Com as novas escolas, vamos precisar chamar alguns que passaram, mas estavam na lista de espera.

RD – Mauá estuda municipalizar escolas estaduais?
Margaret – Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra e Mauá fazem parte de uma diretoria de ensino na qual não houve municipalização total. Em Ribeirão Pires, a questão avançou um pouco porque lá há alguns prédios próprios a mais, mas em Mauá só temos uma escola de ensino fundamental municipalizada. Desde 2009, a educação municipal assumiu o primeiro ano, numa ação compartilhada com o Estado. A partir do segundo ano o Estado assume todas as crianças. Hoje, com o governo Alckmin, nossa relação de diálogo com a Secretaria de Educação melhorou. Agora é possível realizar ação compartilhada. O Estado vai assumir 40 turmas do nosso primeiro ano.

Fonte: Repórter Diário





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