Diretor da Viação Cidade de Mauá, Baltazar Sousa Júnior rebate afirmações dadas pelo secretário de Assuntos Jurídicos, Alessandro Baumgartner, de que sua companhia teria invadido ilegalmente os dados da Prefeitura de Mauá. Segundo o empresário, a operadora recorrerá da multa de R$ 8,2 milhões aplicada pela administração local e garante que, em caso de nova licitação para a concessão de linhas de ônibus, poderá levar o caso à Justiça para manter o contrato de concessionária do transporte.
Filho do proprietário da Cidade de Mauá, Baltazar José de Sousa, Júnior refuta a informação da qual a empresa teria acessado 337 vezes o sistema de dados. “Levantei em todos os departamentos da empresa e ninguém possuía essa senha. Ficamos surpresos com essa afirmação”, considerou.
No sábado, o Diário publicou que a auditoria do governo de Donisete Braga (PT) decidiu multar em R$ 24 milhões empresas do transporte coletivo de Mauá, sendo Cidade de Mauá e Leblon, punida com R$ 12,2 milhões, pela invasão ilegal do banco de dados. Terceira personagem da auditoria, a PK9 foi penalizada a pagar R$ 3,6 milhões – também vai recorrer da medida -, mas por destinar equivocadamente R$ 6,8 milhões às duas concessionárias.
A Prefeitura desconfia que o vazamento da senha de acesso do seu banco de dados às operadoras de ônibus teria partido da empresa responsável pelo programa, a Passos Sistema de Bilhetagem e Automação. Ela é responsável pela implantação dos validadores da frota da Leblon. “A gente não tem contato nenhum com a Passos”, garante Júnior.
Sobre a possibilidade de nova licitação levantada nos corredores do Paço, o diretor cogita a possibilidade de uma batalha judicial. “A Cidade de Mauá não enxerga a possibilidade de nova licitação, porque estamos cumprindo o nosso contrato (com a Prefeitura). Mas, se isso ocorrer, vamos nos defender até judicialmente.”
Ontem, os secretários Paulo Eugenio Pereira Junior (PT, Mobilidade Urbana), Edílson de Paula (PT, Governo) e Baumgartner se reuniram com Donisete. A ordem é esperar os recursos das empresas até o dia 18. Enquanto isso, novas abordagens sobre o tema serão evitadas para não ampliar a crise no transporte.
LEBLON
Na sede da Leblon, situada no Paraná, o dia também foi marcado por longas reuniões. A concessionária entrará com recurso contra a multa de R$ 12,2 milhões da Prefeitura. A situação da empresa paranaense é considerada mais grave, uma vez que a sua senha de acesso ao banco de dados, usada 154 vezes, segundo Baumgartner, não apenas possibilitava a visualização como também a modificação de informações. A Leblon também adotará silêncio, para evitar possíveis problemas jurídicos com o Paço.
Vereador pede contratos do transporte na cidade Mauá
Em meio à crise no transporte público de Mauá, o vereador Alberto Betão Pereira Justino (PTdoB) apresentará requerimento de informações à Prefeitura, na sessão de hoje, para a apreciação dos contratos com as empresas Viação Cidade de Mauá, Leblon e PK9, envolvidas na auditoria da gestão Donisete Braga (PT). O trabalhista quer averiguar de quem partiu o erro do encaminhamento irregular de R$ 6,8 milhões do sistema eletrônico de bilhetagem às empresas de ônibus.
Betão tende a ter aval dos colegas de Parlamento para encaminhar os questionamentos aos secretários Paulo Eugenio Pereira Junior (PT, Mobilidade Urbana) e Alessandro Baumgartner (Assuntos Jurídicos). O vereador tem total apoio do companheiro de bancada do PTdoB, Chiquinho do Zaíra, e da dupla do PTB, Ricardinho da Enfermagem e Eugenio Rufino.
O único empecilho de Betão deve ser a abertura de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito). O trabalhista expressa desejo de uma investigação mais incisiva. Mas a ideia é considerada prematura por outros parlamentares. “Farei a minha parte para investigar. Se os demais vereadores não quiserem, que se expliquem para população”, expõe.
As indagações de Betão surgiram após o Diário publicar que Cidade de Mauá e Leblon receberam o montante de R$ 6,8 milhões a partir da compra do cartão DaHora, enquanto contrato determinava repasse a partir do uso dos créditos. Responsável pelo sistema eletrônico de bilhetagem, a PK9 se defende, afirmando que seguiu ordem do então secretário de Mobilidade Urbana do governo Oswaldo Dias (PT), Renato Moreira.
Fonte: Diário do Grande ABC